A defesa da diversidade nas eleições de 2022: do discurso à prática

*Por Sabrina Veras

Nos últimos anos é notável que se difundiram debates a respeito das pautas identitárias, minorias políticas, diversidade, inclusão e dignidade da pessoa humana, seja pela organização dos movimentos sociais que se encontram nessa condição social e política, pelo ativismo digital e no setor econômico por terem enxergado uma oportunidade de ampliar seus negócios. Neste sentido existe a expectativa destas questões serem exploradas na corrida eleitoral que se avizinha neste ano de 2022.

Foi possível testemunhar um determinado avanço dessas discussões no cenário político, ampliando a visibilidade e um olhar intersecional à problemas sociais, políticos e econômicos, bem como, a possibilidade da efetivação de políticas públicas afirmativas que de fato atendam os anseios de toda população.

Todavia, existe um receio em relação à essas pautas serem exploradas tão somente como palanque eleitoral, sem trazer soluções práticas e sem a devida inclusão desses segmentos nos espaços de poder e decisão.

Como podemos observar, na corrida presidencial é evidente a baixa representatividade da diversidade, tendo vista que dentre os oito pré-candidatos temos apenas uma mulher, sendo os demais homens, brancos, héteros, cisgênero, cristãos e economicamente privilegiados. O que demostra, mais uma vez, que as minorias têm dificuldade de ascensão na política. Como consequência disso as pautas inerentes a grupos como: mulheres, negros, LGBTQIA+, povos originários, pessoas com deficiência, pessoas de periferia, entre outros, muitas vezes são ignoradas e deixadas de lado em relação aos interesses das elites, perpetuando as desigualdades e violências enfrentadas por esses grupos.

Com a finalidade de promover uma maior diversidade na representação política e incentivar a candidaturas de mulheres e pessoas negras, tivemos uma importante alteração legislativa para esses dois grupos específicos, que terá seus efeitos nas eleições de 2022 a 2030. O novo regramento estabelece que, os votos dados para mulheres e negros, nas campanhas para o legislativo federal, serão contados em dobro para fins de distribuição do Fundo Especial de Financiamento de Campanha.

Além disso, com a aprovação da Lei 14.192/21, a violência política contra mulheres durante a campanha eleitoral ou mandato, passa a ser reconhecida como crime, sendo assim uma questão que deve ser combatida pelos partidos políticos e enfrentada pelo judiciário.

Como já observamos, entre os pré-candidatos à presidência da república a diversidade continua pouco contemplada, esperamos que em relação aos pré-candidatos à vice-presidência e os demais cargos em disputa nestas eleições, possamos presenciar maiores condições para candidaturas e consequentemente eleição e inclusão destes segmentos.

Diante dessas reflexões, me questiono, as eleições de 2022 demostrarão mais uma vez que os núcleos sociais mais privilegiados continuarão a dominar a política no nosso país? Acompanhemos os próximos meses, que são decisivos para a campanha, com anseio e expectativa.

*Sabrina Veras é advogada, graduanda em gestão pública, cofundadora e vice-presidente Nacional do MDB Diversidade e Inclusão e Presidente Municipal MDB Mulher Fortaleza.

fonte https://napautaonline.com.br/